Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo, se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.[Paulo Freire]

A RESPEITO DAS IMAGENS E OLHARES QUE PARTILHAMOS...“Nós vivemos dentro de um grande conto de fadas, do qual ninguém faz realmente ideia”.(A garota das laranjas, p. 110).Jostein Gaarder

(Nossa missão é ajudar no trabalho de pais e do professor) (◡‿◡✿)AS POSTAGENS SÃO APONTAMENTOS EM CADERNOS ACADÊMICOS E PESQUISAS PELA NET - SÃO OLHARES QUE CONSIDERAMOS CRIATIVOS E PARTILHAS DIVERSAS DE CUNHO PEDAGÓGICO ...SE ALGUM TRABALHO SEU OU IMAGEM NÃO DEVERIA ESTAR AQUI, OU SE POR ALGUM MOTIVO VOCÊ SE SENTIR OFENDIDO, MANDE UMA MENSAGEM QUE EXCLUÍMOS IMEDIATAMENTE OU CREDITAMOS OS DEVIDOS CRÉDITOS. OBRIGADA PELA VISITA.

quinta-feira, 20 de março de 2014

SOCIALIZANDO (e conversando) sobre LIMITES...


SOCIALIZANDO...

A EMEIEF 17 DE JUNHO AGRADECE A PRESENÇA DE TODOS OS PAIS NA REUNIÃO QUE ACONTECEU HOJE NAS DEPENDÊNCIAS DA ESCOLA.

Professores e pais X pais e professores. Que bom!
Somos peças de uma mesma engrenagem (EDUCAÇÃO). Se uma falha a outra não funciona satisfatoriamente.

Uma mão lava a outra e ambas lavam as duas. MUITO OBRIGADA SENHORES PAIS, a presença de vocês é sempre necessária e fundamental.
A indisciplina nas escolas brasileiras é um fato. Alastrando-se em diferentes instituições e segmentos do ensino. A falta de limites, o desrespeito e as ocorrências de violências e vandalismo são queixas que se multiplicam entre pais, professores e gestores, mas afinal de quem é o problema e como lidar com ele?
Quando a indisciplina é encarada como um monólito, ou seja, como um bloco de ocorrências uniforme e incompreensível, resta apenas o perverso jogo de culpabilização: as escolas criticam os pais "que não educam os filhos"; os professores incriminam os alunos "carentes e desequilibrados" e as famílias culpam o "ensino de baixa qualidade". Muitos apontam para a "a crise de valores, um mal do nosso tempo". 

Nesses casos, pouco pode ser feito, exceto defender-se das acusações, conformar-se com o "inevitável" e remediar a situação em âmbitos específicos: o professor tenta controlar a classe, o aluno suporta o bullying dos colegas, os pais repreendem o filho rebelde. Cada um lidando solitariamente com a situação, como se o problema fosse pessoal. Pior que isso, nem sempre sabem o que fazer.

Se, por outro lado, a indisciplina fosse compreendida na sua complexidade, entendendo-se, em cada caso, a conjugação de fatores sociais, institucionais, pedagógicos, afetivos e relacionais, o desafio poderia ser enfrentado na parceria responsável entre famílias, escolas e poder público. Um enfrentamento capaz de lidar com a gênese do problema (e não só com seus efeitos), articulando o projeto educativo à formação ética dos alunos. 

Assim, a disciplina deixaria de ser um requisito para a eficiência escolar, passando à meta do projeto pedagógico, tão legítima quanto ensinar conteúdos.
Enfrentar a indisciplina requer medidas conjugadas em diferentes planos de intervenção. Na esfera sociopolítica, cabe o investimento na valorização da vida, do trabalho, da educação e da escola. 

No que tange a cultura, importa promover a democratização dos bens culturais, fomentando iniciativas de lazer, esporte e inserção social da juventude. No âmbito escolar, é preciso não só cuidar da formação dos professores, como também fortalecer o projeto pedagógico a partir de sólidas diretrizes para a formação humana.

A cooperação entre pais e educadores é, igualmente, indispensável para a reconfiguração da vida estudantil, pois a negociação de metas e linhas de conduta favorece a educação em valores e a conquista da postura crítica entre os alunos. 

Sob essa ótica, talvez, a questão possa ser respondida de modo mais efetivo: a indisciplina na escola é um problema de todos nós.

A nossa reunião de hoje tratou da questão dos LIMITES. E quando se fala neste assunto, as opiniões são as mais diversas, não é mesmo? Entretanto, em uma coisa todos concordam: a tarefa de educar é algo bastante complexo e exige muita responsabilidade, portanto, aproveitamos a oportunidade desse encontro que foi bastante proveitoso e onde conversamos dentre outras coisas sobre a questão desses LIMITES.

Gostaríamos de partilhar com vocês uma entrevista com o Psiquiatra e Educador Dr. IÇAMI TIBA que foi concedida e exibida no programa “PAPO DE MÃE” cujo programa acontece Aos domingos, às 15h30
Com Reprise aos sábados, às 11 horas
Na TV Brasil

Confiram a entrevista de Içami Tiba, psiquiatra e educador, concedida à repórter Rosângela Santos para o Papo de Mãe e vejam o que ele tem a dizer sobre o assunto. 
RS: Como educar os filhos nos dias de hoje?
IT: Hoje, para se educar, os pais precisam se preparar porque não adianta ser pai e mãe biológicos, pois isso não capacita pais para educarem. Então, a melhor maneira de educar é os pais aprenderem como se educa conforme a idade. Hoje, existe uma literatura muito vasta, basta que os pais coloquem como prioridade. Pode ser assistindo a um programa como este (Papo de Mãe), pode ser lendo livros... Em todos os jornais, pelo menos uma vez por semana, tem destaque uma parte para educação. Tem revistas... Então só não lê, só não se atualiza, quem ainda não entendeu que precisa colocar isso como prioridade.

RS: Antigamente era mais fácil educar?
IT: Não. Antigamente, não se educava também. Exigia-se e escravizava-se. Se a gente tivesse sido educado, nós saberíamos como educar. Educação é uma competência. É como um líder: um líder ensina o outro a ser líder também. Uma pessoa que é chefe ensina o outro a ser chefe. Nós aprendemos a ser chefes e não líderes. Mas hoje estamos numa outra época, em que os filhos aceitam muito a liderança, só que ela é rotativa, não é de uma pessoa só.  Se o filho entende de internet e o pai não entende, então quem vai liderar este tema vai ser o filho, e todos na família ganham com isso. Ficou de ponta cabeça. O pai antes era o provedor, o sabedor de tudo, o que vai resolver tudo. Hoje não é mais assim... Às vezes, o pai está doente, não sabe que doença tem e o filho identifica porque o pai do amigo teve e dá uma força. Aquela relação vertical hoje se horientalizou para a família. A educação seria algo assim: um grupo de pessoas empenhadas no bem estar da família. Isso vai reverter num bem estar da sociedade com grandes olhos para o bem estar do planeta.

RS: Na sua opinião, quais são os maiores desafios que os pais enfrentam hoje?
IT: Primeiro ponto: a falta de conhecimento educativo. Segundo: é que as opções são muitas e os pais estão meio perdidos em qual é o melhor caminho. Terceiro: os filhos não são mais os mesmos. Antigamente, antes da era da internet, de crianças indo cedo para a escola, era fácil passar valores para os filhos porque eles conviviam com as famílias intensamente, sem interferência externa. Hoje, a interferência começa muito cedo com babá, TV, escola... Então, quando a criança começa a entender as coisas, ela já está incorporando junto com valores familiares outros valores. Aí a criança começa a contestar o que os pais fazem...

RS:Quando é que os pais devem impor limites às crianças?
IT: Desde que nascem porque nós precisamos de um limite biológico. O parto é o sinal de que pais não podem aceitar uma criança folgada que queira ficar 10 meses na barriga. E é assim também quando se começa a amamentar. A criança tem que ter ritmo de alimentação e não se alimentar quando quer. Não quer mamar, mas fica usando o seio como chupeta. Isso não pode! Então, tudo tem que ter ritmo. Chama-se ritmo biológico. A partir da compreensão da criança... Nós temos que ver qual competência a criança tem para fazer. Não adianta pedir algo muito elaborado, que ela não tenha idade para fazer. Mas é a partir das coisas simples que ela fizer, isso vai alimentando o ego dela, dando uma auto-estima suficiente de que “eu sou capaz”. Ela vai acreditando e vai crescendo cada vez mais competente. Agora, se nós fazemos por ela, ela aprende a depender, e estamos aleijando essa força da auto-estima que viria desde o comecinho. Ela fica numa espécie de “bolha”, que vai crescendo dentro da própria pessoa e isso muda tudo na vida. Determina se vai ter uma boa auto-estima ou uma auto-estima fraca.

RS: O “não” que vira “sim” prejudica muito as crianças?
IT: Prejudica muito. Muito porque não formamos cidadãos. Então formamos regras sociais à nossa maneira desde que não sejamos pegos. Em casa a mãe diz “não”. Aí a criança não faz nada até que a mãe ou o pai fala “sim” e derruba tudo. É o último dominó que derruba todos os “não” ditos até então. O que criança aprendeu? Existe regra? Existe sim, mas basta insistir que eu consigo. Isto é o grande drama do Brasil: todas as pessoas que furam as regras são as pessoas que uma hora acham que vão conseguir o que querem! Para a criança não tem pequeno ou grande. Nós é que dimensionamos. Quando ela quer uma coisa, quer no seu ser absoluto, pois ela não tem noção de grandeza, nem de responsabilidade. Isso se chama educação: passar esses valores, essas noções, para que criança crie dentro de si aquela condição de saber “isso eu posso fazer, isso eu não devo”.

RS: O que representa a falta de limites para o futuro da criança?
IT: Estraga a vida porque ela não vai conseguir acompanhar tudo o que precisa de limites. Por exemplo: na escola, ela precisa de limites. Quem não tem limites não se adequa à escola. Tem horários, lição de casa, provas. Ela vai querer estudar numa hora que é recreio e na aula vai querer ter recreio? Não tem condições. Na vida é assim! E ela acaba encontrando um jeito porque a criança precisa encontrar o ritmo dela. Isto acaba sendo deixar tudo para última hora porque, na última hora, todo mundo ajuda. E no social, ela vai sempre achar que existe uma lei que vai ajudar os que faltam porque aqueles que cumpriram se ferraram e o que bancou o espertinho e deixou por último, saiu beneficiado. Por isso que essa cultura brasileira interfere na família. Por isso temos que mexer da família para fora. Esses comportamentos que a gente condena são comportamentos que são reforçados fora de casa porque é em casa que aprendemos. Por isso faço tanta questão de dizer que é em casa que temos que educar as crianças.

RS: O amor em excesso pode estragar uma criança?
IT: Não. Existem pais que amam demais os próprios filhos, porém o que estraga são os comportamentos inadequados e não o excesso de amor. Daí mistura os dois juntos e fala que excesso de amor atrapalha. Não é não. Amor precisa existir. As crianças precisam, no início da vida, serem mais importantes que os próprios pais para os pais. Eles mesmos têm que colocar os filhos em primeiro lugar. Se o bebezinho está chorando, tem que ser atendido rápido. Não tem que deixar chorar meia hora - a não ser que seja por outro motivo que posso até explicar depois. Fora isso, o choro de recém nascido é desesperador para a própria criança porque ela não tem noção de tempo e sofre horrores. Parece que mundo vai acabar...  Existe confusão entre a sensação de amor e o comportamento que os pais tomam. O que atrapalha não é o excesso de amor, elas precisam mesmo de amor, mais do que os adultos. Então, fora desse período, precisam aprender que amor tem que ser dividido entre as pessoas e não mais pra um do que pra outro, tem que dividir. O comportamento inadequado é quando nós usamos “em nome do amor” para fazer algo para o filho. No fundo, estamos aleijando a capacidade dele. Esse tipo de excesso faz mal. Em vez de desenvolver, a aleijamos na área que eles têm condições. Por peninha, muitas vezes, porque não se tolera que filho não faça. Se os pais não fizerem, o filho aprende. Não é excesso de amor que deseduca. O que deseduca são os excessos que os pais cometem quando fazem pelo filho o que ele é capaz de fazer. Daí os pais começam a se justificar, a colocar culpa em outra coisa e dizem que ele (o filho) já nasceu assim. Ninguém nasce assim. Nós é que educamos. Todos vão se corrigir quando tomarem consciência do quanto podem mudar. Por que nós ensinamos a nossos filhos que eles estejam sempre certos e os outros errados??? O filho bate com a cabeça na mesa e a mãe diz: “mesa feia!” e bate na mesa. O que a mãe está dizendo é que a mesa está errada e que ela se colocou no caminho da criança que estava inocentemente correndo pelo mundo? Não existe isso. Deve-se dizer: “então filho, tome mais cuidado, e agora chora porque dói mesmo”. Pronto e acabou. Ele nunca mais vai bater a cabeça na mesa. Senão, o colega que é ruim, a babá que não presta, a empregada que é não sei o quê, a escola, o patrão que não serve...

RS: Um filho é diferente do outro?
IT: Graças a Deus são diferentes. Quando o mais velho nasce, todo mundo está olhando para ele. Quando o segundo nasce, tem um dedo enfiando no olho dele. Por mais que pais queiram, nunca os filhos serão iguais. A parceria é desigual. O mais velho manda no mais novo e mais novo dá este poder. O mais velho tem idéias. Se o mais velho sabe fazer ele faz, se o mais novo não sabe, não vai fazer. Erram os pais quando, por exemplo, já na adolescência, o mais velho com 13 quer sair e o menor com 11 não tem com quem ficar. Aí a mãe fala “só sai se levar o menor”. Estraga os dois! Porque o de 11 ainda está na confusão, o de 13 com malícia. O de 11 funciona como o “bobo” da turma e vai levar porrada e o de 13 vai “pagar mico” . O mais velho tem que frenquentar a tuma dele e o menor a dele - que vai se divertir com outros assuntos. O grande segredo é tratar os filhos de jeito diferente. Na vida, a gente aprende com as diferenças, veja este exemplo: faz de conta que eu tenho um cachorro. Eu o agrado e ele olha pra mim e faz tudo pra mim como se eu fosse um rei. Daí eu tenho um gato, também agrado, faço tudo e o gato olha pra mim e diz “eu devo ser o rei”. Então, minha atitude depende da recepção que outro tem. Se um me maltrata porque eu fiz o bem, eu tenho que corrigir? Então, não é como os pais gostariam que fosse: falam uma coisa e querem que todos os filhos respondam igual. Isso não acontece...

RS: É correto premiar o filho quando ele faz algo certo?
IT: O filho merece tem, não merece não tem. Não importa. Cumpriu a tarefa? Tem. Não cumpriu? Não tem. Agora, tarefa não se premia não! Tarefa é obrigação. Porque se a gente premia a tarefa, daqui a pouco ele não faz nada porque não ganha nada... Você pede, ele não faz, e ainda diz “não ganho pra isso”.

RS: Castigo resolve?
IT: Não. Se castigo resolvesse todos os filhos seriam maravilhosos porque eu nunca vi uma criança que não tenha sido castigada. O que educa é corrigir o erro na base da consequência. Todo mundo fala: “errar é humano” ou “errando é que se aprende”. Isso é mentira. É corrigindo o erro que a gente aprende. Se não aprender, tem que aplicar consequências. Mostrar o que ele provocou por não ter feito algo. Então vai corrigir pra não fazer outra vez. Temos uma coisa que odiamos: corrupção, desvio de verbas... coisas que horrorizam, mas onde isso começou? Dentro de casa! Quando o filho de 6 anos pega dinheiro pra comprar lanche e vai lá e compra figurinha... Chega em casa e os pais ainda ajudam a colar no álbum! O que aconteceu? Os pais endossaram o desvio de verbas! Ele usou o que não podia. O dinheiro era para o lanche e não pra ele gastar com figurinha...

RS: O que pais devem fazer nessa hora?
IT: Devem dizer: “olha, você errou filho e você vai, durante uma semana, levar lanche de casa. Na próxima semana, a gente tenta outra vez. Se você acertar, aí vai ganhar dinheiro pro lanche, se outra vez gastar com o que não deve, vai ficar mais uma semana levando lanche de casa e ponto”. Ele aprende. Porque, caso contrário, depois sai de carro para ir até a padaria e dá volta pela cidade. Abusa do que não é dele. E quem ensinou??? Não adianta só o pai falar. Tem que ensinar. Filho faz o que aprendeu. E como aprendeu? Vendo!!! A transgressão é fácil. O “jeitinho” que se conseguem as coisas, a criança vê. A criança faz o que vê. Se o pai vai ultrapassar alguém no trânsito, ofende e xinga, pode estar certo de que a criança ali atrás já está com ódio do outro. É isso que ele está ensinando. Daí não adianta dizer que não pode xingar... Acha que por falar corrigiu o erro? Ele que não fale palavrão, ele que mostre o bom exemplo!

RS: Gritar resolve?
IT: Se gritar resolvesse, crianças seriam ótimas. Não tem mãe que não grite e nada irrita mais um filho do que uma mãe gritona! O pai é um trovão, filho não aguenta! Fale só uma vez. Se entendeu, entendeu. Se não entendeu, vai sofrer as consequências de não ter entendido para aprender a entender. Por exemplo, vou chamar você pra jantar e quero que você desça. Se não vier, vou fechar tudo e quando você quiser você vem, esquenta sua comida e deixa a comida em ordem, como encontrou. Caso contrário, não vai dormir. Aí ele (o filho) vem depois pra testar... Daí a mãe acaba fazendo miojo! Pra que fazer miojo???? Ele que se vire, ou então vai dormir sem comer. Se ele comeu, deixou bagunça na cozinha e foi dormir acorde ele com uma gotinha de água na testa e diga que só vai dormir depois que arrumar a bagunça! E deixe sem dormir uma noite. Isso não é castigo, é consequência. Se ele arrumar, pode dormir. Se não arrumar, não pode. Castigo é quando a gente dá uma surra que não tem nada a ver com arrumar ou não a cozinha.

RS: Tem que ter regras?
IT: Sim. Vai ter hora pra comer e se não veio fica sem comer. Ninguém morre por isso. O que eu acho é que isso não é excesso de amor, é moleza de pai e mãe. Seja firme uma vez e acabou. Ninguém gosta de dormir com fome!

RS: Quais são seus conselhos para prevenir o uso de drogas?
IT: A adolescência é um segundo parto. É nascer da família de criança para dar passos sozinho. Dentro da família, existe a ordem dos pais, ele recebe um sobrenome. Na adolescência, quer o nome dele, o apelido, vai atrás de identidade própria. E neste caminho, faz coisas boas e ruins. O acompanhamento dos pais vai selecionar o que é bom e o que não é bom. O que ele faz na rua, traz pra casa. Um bom exemplo é comparar com o piolho. Por melhor lugar que filho frequente, ele pode voltar com piolho. E não é porque pegou num bom lugar que vamos aceitar ter piolho em casa. Piolho significa um comportamento que eu não aceito e eu combato em casa! Se chega ele diferente e eu fico quieto, eu estou autorizando que ele traga para casa coisas erradas. Antigamente, achava-se que quem usava drogas tinha problemas. Hoje não é assim. O adolescente não tem problema, tem é curiosidade. Experimenta a droga. E a droga se experimentada, já altera a química na primeira experimentação. Você pode querer fazer outra vez se for gostoso porque cérebro está acostumado a repetir o que é gostoso. Então tem pessoas que tem que saber que droga é gostosa, mas não é para experimentar nem pra usar! Mas aí ele experimenta e diz “a vida é minha”. A vida não é dele não! Ele ainda está na fase que depende dos pais! Os pais assinam coisas. Se vier com este comportamento, os pais têm que combater. Pais sendo frouxos, vão piorar a situação. Se a gente não sabe o que fazer, então aprende uma coisa: se não sabe, vamos estudar para ver o que é! Temos que ter a posição de aprender sempre. Pais têm obrigação de, se não souber, partir para saber.

RS: Como combater as drogas?
IT: Basta não concordar, não endossar e não permitir. Não se usa drogas, assim como não se mata. Se você usar, vamos tomar medidas. Primeiro, vamos cortar suas saídas. Se ainda assim continuar, vamos cortar outras coisas. Aprender com a conseqüência desde pequeno. Você (filho) está decidindo que não pode sair porque abusou da sua liberdade. Só que tem que manter. Não pode abrir brecha. Não vai sair e ponto. Ou se estabelece limites fundamentais ou este país não vai mudar nunca!

RS: Tem pai que diz que vai deixar experimentar em casa, até álcool...
IT: É, dependendo da dose... quando altera o corpo, aí faz mal. A pessoa que bebeu uma vez... bebida é depressiva, deprime o controlador das vontades. A pessoa não consegue controlar a vontade de beber e passa do ponto. Tem pessoas que não podem beber porque passam do ponto. As que passam do ponto não podem beber. Temos que aprender a beber e tem que ser pouco. Não dá pra comparar bebida com droga. Mas o uso inadequado ou exagerado da bebida é droga sim. Quem bebe e dirige provoca problemas: se não morrer vai matar! Quanto mais beber, mais chance de acontecer tragédia. Pode ser fatal. As pessoas têm que se prevenir. Há 27 anos fui ao Japão com meus filhos e lá percebi que à noite tinha os japoneses que ficavam na cidade trabalhando. Eles saíam para beber e sempre tinha um bêbado e, o outro, quietinho esperando. Era um trato. No dia seguinte, era o outro que podia beber. Trouxe essa idéia para o Brasil: um não pode beber - é o que vai dirigir e que vai tomar conta dos que bebem! Houve época que morriam adolescentes como formigas nas estradas...

RS: Como evitar “más companhias”?
IT: Más companhias é como a história da mesa. O filho faz parte do grupo, é o “comportamento piolho”. Se eu não aceito, não permito, não entra em casa. Sair com essa turma? Não vai sair!!! Tem que ser desde o começo. Para os pais terem autoridade quando falam. É preciso nunca ceder quando uma decisão tiver sido tomada.

RS: É preciso estar sempre alerta?
IT: Sim. Basta acompanhar. O maior crime é dar celular pro filho ir para balada e daí filho não atende o telefone... Os pais ficam preocupados. Daí ele aparece de madrugada e o pai diz: “ai meu filho, ainda bem que você está vivo”. Que nada!!! Ele merecia uma “porrada”! Como, vai judiar do pai por não atender o telefone?? Diga: “você não vai mais sair porque vai ficar sem telefone. Vai ficar aí porque não é justo o que fez com a gente: não nos atendeu”. E não deixa sair uma semana. Como a idéia não é castigar, mas que ele aprenda, então: “Você quer sair? Vai sair, mas com uma condição: vai sair sem celular e vai ligar pra casa de uma em uma hora. Aí pode sair.” Porque em uma hora, qualquer droga que se use, você percebe por telefone. Por isso, os pais têm que estar atualizados. É mais importante buscar o filho na festa do que levar. Buscar dá trabalho, pegar o filho de fogo, é complicado. São as comodidades dos pais que facilitam vida do filho para que usem drogas. Há 18 anos escrevo livros para levar essas dicas aos pais. Um pai pode mudar o rumo dos filhos. Quem tem que orientar os filhos são os pais. A vida toda é um parto. São vários nascimentos ao longo da vida. Quando um parto vai bem, os outros também vão bem. O verdadeiro parto não é biológico: é o da independência. Começa quando se aprende a andar. Nesta fase, vai cair mesmo. Um parto bem feito é reconhecimento da capacidade. Mais tarde, vai ter que enfrentar o mundo sozinho. Pai não pode trazer nada pronto.

RS: Como o casal deve agir com os filhos?
IT: Acho que a mãe deveria trabalhar um pouco mais este lado porque ela não facilita. Ela está lá, cuidando dos filhos e diz pro marido “bem, me ajuda????” O quê??? Que ajuda nada!!!! Ele tem a parte dele na educação dos filhos. Isso não é ajuda para mulher. É obrigação de pai. Mas tem que ensinar o homem a fazer porque cérebro masculino é diferente do feminino. Com 3 filhos o pai fica louco, manda todo mundo ficar quieto, não consegue acompanhar. Homem é assim. Já a mulher consegue olhar os 3 fazendo coisas diferentes ao mesmo tempo e ainda falar no celular, comandando tudo, prestando atenção em tudo. Então é mesmo diferente. Por isso acho que para o pai é difícil chegar ao mesmo nível que a mulher que é mãe. Ele tem que ser pai, tem que saber ficar sozinho com os filhos pequenos. Mas hoje isso já está mudando. Uma coisa que antes nem se pensava era ver um pai trocar fralda. 50 anos atrás, pai só conversava com os filhos quando eles já falavam. Antigamente então, só quando crescia. Agora o pai já entra na sala de parto, corta cordão umbilical... Olha que evolução!!!! 
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Agora queremos saber a sua opinião! Qual a melhor maneira de colocar limites nos filhos? Existe receita?  Você concorda com a opinião do entrevistado? Aguardamos os seus comentários!


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